Artigo - Oito de Março: um convite à reflexão sobre a desigualdade de gênero no Brasil

No mês em que se comemora mundialmente o Dia Internacional da Mulher, há questões que merecem reflexões sobre a importância dessa data, pois em um país historicamente machista como o Brasil questionam-se quais são os avanços femininos em representatividade política? A Lei Maria da Penha tem sido eficaz no combate a violência contra as Mulheres? Esses são questionamentos importantes, e a busca por suas respostas nos possibilita refletir mirando a real necessidade de ampliar a luta e a militância, em prol do empoderamento feminino e em busca da igualdade de gêneros.

 

Em nosso cotidiano é amplamente notório o quanto as mulheres tem pouca representatividade política. Cito como exemplo o primeiro escalão do poder executivo brasileiro, no qual existem somente duas representantes em um total de vinte e oito pastas, sendo todas as demais ocupadas por homens. A primeira vista pode passar despercebido o quanto esta discrepância em representatividade simboliza a relação de poder estabelecida em nosso país no que tange à hierarquia entre homens e mulheres. Entretanto, este cenário no qual os papéis sociais são nitidamente desiguais, reflete os valores culturais padronizados no papel que cabe ao homem e a mulher na vida pública. No livro “Mulher: do destino biológico ao destino social” a professora Drª Maria Beatriz Nader explica como a relação entre os sexos é um fator sócio cultural construído nos diferentes períodos da nossa História.

 

Em relação à prática da violência contra as mulheres, e apesar da Lei Maria da Penha, o que temos são dados assustadores. De acordo com o IBGE, aproximadamente 1,2 milhão de mulheres sofrem agressões no Brasil a cada ano. E, dessas, cerca de 500 mil são vítimas de estupros. Somente 52 mil ocorrências chegam ao conhecimento da polícia, ou seja, a impunidade em relação à violência contra as mulheres tem um índice muito elevado, aumentando a sensação de insegurança de todas elas, que são obrigadas a repensar o tipo de roupa que devem usar, os locais que podem frequentar e os horários que podem circular pelas ruas. Isso sem citar a violência psicológica que sofrem cotidianamente.

 

Nesse contexto, ser mulher no Brasil significa pertencer a um grupo de vulnerabilidade em razão de uma cultura patriarcal. Por isso, devemos comemorar todas as conquistas que as mulheres conquistaram gradativamente no decorrer da história, mas, ao mesmo tempo temos de exigir tratamento igualitário e equânime em todos os campos sociais. Para isso, é preciso cobrar políticas públicas, sobretudo que contemplem a condição emancipatória, a dimensão de autonomia feminina e que esteja voltada para a criação de uma cultura de valores sem distinção entre o Ser Homem e Ser Mulher.

 

 

Leandro da Silva Lunz – Mestrando do PPGHIS/UFES

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