Nada a comemorar

No mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher um questionamento se faz pulsante: o que podemos comemorar?

É certo que muitas mobilizações têm marcado a luta contra os retrocessos para os direitos civis, sobretudo os femininos, a exemplo da Marcha das Mulheres, realizada em janeiro de 2017, e que mobilizou mulheres em todo o mundo.

No entanto, discursos conservadores inflamados proferidos por lideranças mundiais, marcados pela misoginia e xenofobia, continuam bradando aos sete ventos e tentam introduzir políticas contrárias aos direitos humanos.

No Brasil, a extinção do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, causou a redução dos recursos e programas, demonstrando que salvaguardar os direitos das mulheres e meninas não é prioridade por aqui.

Enquanto há diminuição dos investimentos em políticas públicas no Brasil, a violência causada pela hierarquia de gênero, pautada pelo patriarcado e reforçada pelo conservadorismo religioso, é crescente.

A vista disso, o relatório da Anistia Internacional, lançado em 22 de fevereiro deste ano, destaca que o Brasil é um dos piores países da América Latina para se nascer menina, em especial devido aos níveis extremamente altos de violência de gênero e gravidez na adolescência, além das baixas taxas de conclusão da educação secundária. Além disso, o relatório aponta ainda que o Brasil continuou sendo o país onde mais morrem transexuais no mundo, vítimas de violências e discriminação.

O Dia Internacional da Mulher não é uma data de comemorações, e sim de luta, resistência e enfrentamento.

 

Érika Oliveira Amorim – Doutoranda em História Social das Relações Políticas da UFES

Luíza Nichetti – graduanda em História (UFES)

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